Buscando disseminar o conhecimento científico e apoiar estudos que colaborem para o desenvolvimento na Amazônia, o governo do Acre, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre (Fapac), financia vários projetos de pesquisa nas mais diversas áreas do conhecimento. Na saúde, a instituição e a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) coordenam o Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), que está em sua 8ª edição e tem por objetivo fomentar a pesquisa em saúde, promovendo o desenvolvimento científico e tecnológico, por meio de financiamento de estudos que considerem as peculiaridades regionais, contribuindo significativamente para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a redução das desigualdades.
Entre esses projetos, a pesquisa desenvolvida pelo docente da Universidade Federal do Acre (Ufac), pesquisador e médico urologista Fernando de Assis Ferreira Melo, foi publicada recentemento em formato de artigo na revista científica Nature, uma das publicações mais respeitadas do mundo, com o artigo “Acute kidney injury developed in the intensive care unit: a population-based prospective cohort study in the Brazilian Amazon” (“Epidemiologia da injúria renal aguda: estudo prospectivo, multicêntrico e populacional no Estado do Acre”).
“Conseguimos essa publicação tão importante, porque a pesquisa foi extremamente robusta. Desde o começo da coleta dos dados, seguimos os critérios internacionais, para que pudesse ser publicada em uma revista de impacto. Com isso, a pesquisa serviu não só para mudar protocolo aqui, mas para o mundo. E vimos que já foi citada várias vezes em outros trabalhos, então ela serve assim como mudança de protocolo não só aqui, mas no mundo”, destaca Assis.
“O aceite da publicação do projeto na revista de renome mundial reafirma a solidez e qualidade das pesquisas realizadas no Acre, com o fomento proveniente dos recursos do Estado, que são reados pela Fapac”, informou o presidente da instituição, Moisés Diniz.
O projeto que originou o estudo publicado consiste na tese de doutorado de mesmo título do pesquisador, que no ano de 2013 foi aprovado e obteve financiamento para sua pesquisa, por meio Fapac e parceiros. “O projeto de pesquisa começou em 2014, com uma parceria da Ufac, governo do Acre e Universidade de São Paulo [USP]; foi um projeto de doutorado que contou com fontes fomentadoras, como a Fapac e Fapesp, e dessa forma a gente conseguiu volume de recursos para fazer uma pesquisa de grande porte. Essa é uma pesquisa que a gente chama de epidemiológica, quando temos um número muito grande de agentes a serem pesquisados e um número grande de pessoas, abrangendo praticamente todo o estado do Acre. O objetivo do estudo era identificar o que estava causando injúria renal aguda nos pacientes que eram internados nas unidades de tratamento intensivo [UTIs] do Acre”, explicou o pesquisador.
Com relação ao quantitativo de pessoas envolvidas no projeto, Fernando de Assis relatou: “Estudamos todas as UTIs do Acre naquela época, o trabalho foi grandioso, porque contou com o apoio dessas agências fomentadoras e pudemos contratar muitos alunos, que participaram como bolsistas, formando-se uma grande equipe de pesquisa, empregando muita gente durante os dois anos de coleta”.

Pesquisa
A pesquisa publicada teve como objetivo identificar as diferenças epidemiológicas e de desfecho clínico, bem como as diferenças nos critérios diagnósticos utilizados para a definição de injúria renal aguda (IRA), entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
“Achávamos inicialmente que as causas de perda da função renal seriam diferentes das que a gente encontra nos grandes centros e, para nossa surpresa, foi exatamente a mesma coisa do que acontece em São Paulo, Nova Iorque e em qualquer dessas cidades, mostrando que apesar de a gente viver numa região amazônica, as causas que estavam levando à perda da função renal são exatamente as mesmas dos grandes centros; então está relacionada a essa globalização, essa facilidade de alimentos e de medicamentos que são amplamente difundidos”, explica o pesquisador.
Além dos recursos reados pela Fapac, a pesquisa também contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp); coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – Ministério da Saúde (Decit/MS), que consiste na coordenação nacional do Programa; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), responsável pelo gerenciamento técnico istrativo do PPSUS em nível nacional; com a participação da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre). Também assinam o artigo os pesquisadores Emmanuel A. Burdmann, Etienne Macedo, Ravindra Mehta e Dirce M. T. Zanetta.
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